sábado, 6 de dezembro de 2008

O Pedestrianismo é o desporto dos que andam a pé.

É uma actividade desportiva ao alcance de todos e ao ritmo de cada um. Não se trata sómente de "percorrer grandes distâncias a pé" como dizem os dicionários na sua definição. É também o acto de andar a pé pelo prazer do exercicio físico, mesmo que só se percorram dois ou três quilómetros, no jardim da cidade, nos passeios da Foz do Douro ou na "marginal de Gaia". E, claro, percorrer também os caminhos antigos e tradicionais do nosso meio rural, os trilhos das nossas serras e das arribas das nossas costas em jornadas mais longas, às vezes de dezenas ou centenas de quilómetros. Como em todos os desportos, também o pedestrianismo tem os seus niveis de prática. O Pedestrianismo é uma actividade desportiva na Natureza em que intervêm aspectos turísticos, culturais e ambientais. A diferença que o distingue de outras actividades similares é que decorre por caminhos previamente sinalizados com marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceites. Estes caminhos, os percursos pedestres, podem ser de grande rota (GR), com extensão superior a 30 Km e dois dias de jornada ou mais, sendo sinalizados a branco e vermelho, e de pequena rota (PR), até um dia de jornada e não mais de 30 Km, sinalizados a amarelo e vermelho, sendo estes, portanto, os estádios para a prática do Pedestrianismo. No entanto, e dada a carência destas infraestruturas, o Pedestrianismo também se pratica em Marchas guiadas, e de Orientação. O importante é andar...

sábado, 22 de novembro de 2008

Lenda do Galo de Barcelos



Em tempos que já lá vão,
Houve, em terras de Barcelos,
Crime de certa emoção
Que fez nessa ocasião
Arrepiar os cabelos !...

Andou o povo alarmado
E, de medo, nem dormia !...
Quem seria o desalmado
Que a tanto se atrevia ?...
A todos foi perguntado,
Mas ninguém, ninguém sabia !...

E um Juiz, para sossego
Desse povo espavorido,
Condena à forca um galego
Que lhe diz:

“Protesto e nego
Tal crime ter cometido;
Sou um pobre peregrino
Devoto de Sant’ Iago;
Compostela é o meu destino
Com esta fé que em mim trago.”

E a quem se achava presente,
O galeguito , coitado,


Jura encontrar-se inocente,
E ao ver a turba indiferente,
Diz então desesperado :

“Vedes esse galo assado
Que ali pôs a Providência ?...
( E aponta um cesto a seu lado )
Cantará alto e afinado
Antes de eu ser enforcado,
Provando a minha inocência !...

Que a morte , a mim , não me assusta;
Sei que um dia há-de chegar ;
E, no fundo, o que me custa
É essa sentença injusta
De morrer com falta de ar !...

E tudo riu a bom rir
Pelo insólito e inesperado,
Pois ninguém pensou ouvir
Coisa assim a um condenado


Patíbulo já preparado,
Eis que tocam as trombetas !...
Sobe à forca o desgraçado,
O galo estica as canetas
E desata a cantar tretas
Frente ao povo embasbacado !...

E perante o inaudito
A execução é suspensa !
Vem à forca o Juiz, aflito,
Revogar a tal sentença,
Dar o dito por não dito .

E o galego agradecia,
Comovido e com fervor,
Ao galo que lhe valia
E a Graça que recebia
Do seu Santo protector :

Sant’ Iago, eu bem sabia,
Santinho, que não deixavas
Que, por crime que outrem fazia,
Galego pagasse as favas !...

E arranca caminhos fora
Té Compostela vizinha,
Coração mais livre agora,
Mais livre que uma andorinha !...

Do milagre recebido
Não se esqueceu o Romeiro,
Que algum tempo decorrido
Erguia aqui um cruzeiro .

Cruzeiro que simboliza
O mundo de pesadelos
Que um “ Galego da Galiza “
Vivera cá em Barcelos !...